No próximo dia 8 de maio, o planeta Júpiter estará em oposição, melhor época para observá-lo. Ele já está bem visível no céu e permanecerá assim por um bom tempo mas, no período da oposição, ele fica mais tempo no céu noturno.
Author: Naelton Araújo
Dia do Cosmonauta:
Em 12 de abril de 1961 Yuri Alekseievitch Gagarin (1934-68) na nave Vostok 1 foi o primeiro homem a viajar no espaço. Naquela época, os viajantes do espaço provindos da URSS e do EUA recebiam denominações diferentes. O termo cosmonauta era usado para os soviéticos e astronauta para os americanos. Esta distinção é um resquício da guerra fria.
Lançado em 2 de abril de 1968, o filme de Stanley Kubrick (1928-1999) “2001, Space Odyssey” foi um marco no cinema mas, logo de cara, foi bem pouco compreendido. A quantidade de influências culturais deste filme é enorme. Podemos dizer que a ficção espacial nunca mais foi a mesma depois desta obra.
Que história é essa de colocar um carro no espaço? Quem teve essa ideia maluca? Por que isso é notícia?
Apesar de mais famoso por sua participação fundamental no filme de Stanley Kubrik – 2001, Uma Odisseia no Espaço (1968), o escritor Arthur C. Clarke tem uma obra riquíssima. Clarke escreveu dezenas de livros, contos e artigos em áreas desde a ciência aplicada, passando pela divulgação científíca e aportando na ficção científica. Junto com Isaac Asimov e Ray Bradbury, Clarke formou o que foi conhecido com o ABC da era dourada de ficção científica.
Sputnik, Filho da Guerra Fria
O produto pacífico da guerra fria foi sua contrapartida espacial: satélites, naves tripuladas e sondas interplanetárias. Na disputa entre EUA e URSS, chamada de Guerra Fria, o importante era fazer mísseis para despejar “horrores” nucleares sobre os inimigos. Felizmente, esta guerra nunca esquentou e, como resultado daquela corrida, temos os satélites artificiais. Faz 60 anos do lançamento do Sputnik.
Eclipse Solar na América
Na próxima segunda-feira, 21/08/2017, a sombra da Lua vai percorrer o território dos Estados Unidos da América diagonalmente, do noroeste (no estado do Oregon) até o sudeste (no estado da Carolina do Sul). Numa estreita faixa de uns 100km, o Sol será ocultado totalmente pela Lua durante alguns minutos.
O Dia do Asteroide
O Sistema Solar é composto do Sol (que concentra cerca de 90% da massa) e uma quantidade enorme de astros menores sem luz própria: planetas, planetas-anões, asteroides e cometas. Geralmente, astros menores que planetas (definidos em 2006) foram tratados, genericamente, por planetas menores, planetoides ou asteroides.
Conhecemos a órbita de quase um milhão de corpos menores (incluindo asteroides e cometas). Existem corpos intermediários, corpos que se assemelham a asteroides, com muitos traços de gases em sua composição, lembrando núcleos secos de cometas, sugerindo que alguns asteroides podem ter se originado de cometas. Foi o caso do astro Chiron, primariamente classificado como asteroide, mas, posteriormente, cogitou-se que seria um cometa, pela presença de material volátil e até pela formação de uma cauda. Outros astros da mesma família, chamados de Centauros, partilham características de cometas.
A diferença entre cometa e asteroide é basicamente de composição. Os cometas são um amontoado de gases (vapor de água, gás carbônico, entre outros) e poeira, cuja densidade é baixa e natureza volátil. Ao se aproximarem do Sol, os gases sublimam e se forma uma cauda típica. Já os asteroides são corpos mais compactos e secos, compostos de silicatos e metais. Se um corpo destes é atraído para atmosfera terrestre e se aquece devido a interação com o ar, o efeito luminoso é chamado de meteoro. Se o corpo não se consumir todo na atmosfera e chegar a atingir o solo, é chamado de meteorito. Se o brilho do meteoro for muito grande usamos o termo bólido (fireball, em inglês).
A maior parte dos asteroides está entre as órbitas de Marte e Júpiter. Esta região é chamada de cinturão principal e comporta dezenas de milhares de corpos que variam de tamanho, desde alguns metros a centenas de quilômetros.
O primeiro asteroide foi descoberto em 1801 pelo astrônomo italiano Guiseppe Piazzi (1746-1826). Recebeu o nome de Ceres e mede um pouco menos de mil quilômetros de diâmetro (o maior de todos). No início, foi considerado o planeta novo que faltava entre Marte e Júpiter. Havia um afastamento entre estes planetas que sempre sugeriu a presença de um planeta entre eles. Nos anos de 1802 e 1804, dois outros asteroides foram encontrados: Pallas (aproximadamente 545 km de diâmetro) e Juno (234 km). As descobertas sucessivas de mais corpos celestes nesta região acabaram por tirar o status de planeta de Ceres.
Um grupo de asteroides que traz interesse especial para nós terráqueos são os chamados asteroides rasantes, que recebem a sigla inglesa NEOs (Near-Earth Objects). Estes corpos cruzam com certa frequência a órbita terrestre e têm o potencial de atingir o nosso planeta. Temos evidências de que isto já aconteceu no passado e não é impossível que torne a acontecer. Acredita-se, inclusive, que foi um impacto destes que no passado extinguiu os dinossauros.
Um exemplo disto aconteceu em fevereiro de 2013, na cidade de Chelyabinsk (Rússia), sacudida pelo rugido de um corpo de aproximadamente 20 metros que penetrou a atmosfera terrestre a mais de 60.000 km/h. O meteoro explodiu a dezenas de quilômetros de altura e não atingiu nenhuma região habitada. Entretanto, o deslocamento do ar foi forte o bastante para gerar uma onda de choque. Esta onda sonora estilhaçou centenas de janelas de vidro, o que causou ferimentos em mais de 1.200 pessoas. Este foi o maior impacto registrado desde o evento em Tunguska (Rússia) no ano de 1908. Imagine se o impacto fosse direto?
Existem vários grupos que dedicam estudos sobre como reagir numa situação destas. Exemplos destas instituições:
A sonda Dawn, atualmente, nos tem trazido muitas revelações sobre Vesta e Ceres. Pontos claros encontrados no interior de uma cratera (foto abaixo) tem intrigado os cientistas. Muitos segredos dos asteroides já começam a ser desvendados.
No próximo dia 30 de junho é comemorado o Dia do Asteroide. Este evento foi criado em 2015 por um grupo encabeçado pelo astrofísico Brian May (guitarrista da banda de rock Queen), Danica Remy (da Fundação B612), Grigorij Richters (diretor de cinema) e Rusty Schweickart (ex-astronauta da NASA). A ideia era implementar o interesse público e científico nos asteroides com o propósito de criar defesas contra a possibilidade de uma colisão com a Terra. Desde então, várias atividades de divulgação científica têm sido realizadas anualmente em todo mundo. Nós, da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, vamos conversar sobre asteroides no dia anterior, 29/6, a partir das 20h, em uma live através do Facebook do Planetário.
Links interessantes:
- Evento de Tunguska
- Meteoro de Cheliabinsk
- Chíron
- Asteroid impac avoidance
- Asteroid Day
- Sonda Espacial Dawn
- Asteroides e Cometas: Rotas de Colisão
- Estamos preparados para um impacto meteórico?
Saturno em destaque
O planeta Saturno é o segundo maior do nosso Sistema Solar: um gigante gasoso cercado de anéis. Desde que Galileu Galilei desenvolveu a primeira luneta astronômica (1610) o planeta atrai a atenção pelo seu vistoso sistema de anéis, o mais notável entre os demais planetas gigantes (Júpiter, Urano e Netuno).
Oposição de Saturno
No próximo dia 15, em pleno feriado de Corpus Christi, Saturno estará em uma posição especialmente favorável para observação. O planeta gigante estará em linha com a Terra e o Sol. Dizemos que ele estará em oposição, uma vez o que o planeta estará diametralmente oposto ao Sol do ponto de vista da Terra. É nesta ocasião que a distância à Terra é menor (maior brilho aparente e maior tamanho de imagem) e o planeta estará mais tempo visível (durante toda a noite: do pôr ao nascer do Sol).
A sonda Cassini-Huygens
Faz quase vinte anos que esta sonda complexa foi lançada. A Cassini-Huygens foi produto da colaboração da NASA com a Agência Espacial Italiana, que mais tarde passou a fazer parte da ESA. Curiosamente a sonda não foi enviada em uma rota direta a Saturno. Primeiro a sonda foi enviada para o interior do Sistema Solar na direção de Vênus. A sonda fez duas passagens próximas a este planeta e depois mais uma passagem próxima à Terra. Estas manobras, conhecidas como estilingues gravitacionais, tiveram a função de acelerar a nave usando a gravidade dos planetas para aumentar sua velocidade e encurtar a viagem. A sonda passou por Júpiter antes de chegar ao planeta dos anéis. O destino final da sonda será colidir com Saturno em setembro próximo.
Os anéis
Desde de que foram descobertos os anéis são um desafio. Como explicar sua natureza? Seriam sólidos, gasosos, líquidos? James Clerk Maxwell (1831-79) foi o primeiro a expor uma explicação embasada sobre a natureza dos anéis em 1847: partículas. Isso mesmo, os anéis não são um corpo único, mas sim uma quantidade enorme de pequenos corpos (minúsculas luas de gelo e poeira, podemos dizer) que orbitam no plano equatorial do planeta. Fotos incríveis foram tiradas deste complexo sistema de anéis. Em meio aos anéis são encontradas luas que influenciam a distribuição destas partículas.
As luas
Conhecemos 62 luas de Saturno até o momento que escrevo estas linhas. Algumas não passam de simples pedras irregulares, mas algumas luas de Saturno guardam verdadeira diversidade de composição e de forma. O satélite mais interessante do Sistema Solar é Titã. Maior que nossa Lua, Titã é portadora de uma densa atmosfera de nitrogênio. A superfície titânica é coberta de lagos de metano. A sonda Huygens, que viajou acoplada a Cassini, penetrou a atmosfera deste satélite em 2005.
Em 2008 descobriu-se que o satélite Encélado emite plumas de vapor de água. Isto sugere fortemente que este satélite tem um oceano sob uma camada de gelo. Até então só se conhecia um outro corpo com esta característica: Europa, satélite de Júpiter.
Satélites geoestacionários são um grupo bem distinto da maioria dos satélites em órbita. O total de satélites em órbita chega a casa dos 10000 aparelhos. Somente aproximadamente 400 destes se distribuem numa altura de, aproximadamente, 36000 km, o chamado Anel de Clarke. Foi o engenheiro e escritor Arthur C. Clarke (1917-2008) o primeiro a propor o uso das órbitas geoestacionárias para telecomunicação, em 1945. Nesta altura o satélite dá uma volta ao redor da Terra ao mesmo tempo que o nosso planeta dá uma volta em torno de si mesmo. O resultado prático disto é que antenas fixas podem apontar para estes satélites e usá-los como estações extraterrestres de retransmissão. Assim, os sinais de rádio permitem cobrir o planeta inteiro usando apenas três satélites equidistantes.
O Brasil já constrói satélites há um bom tempo (SCD1, em 1993, e CBERS-1, em 1999). Entretanto, não temos ainda um foguete lançador capaz de pôr em órbita baixa, muito menos em órbita geoestacionária. O VLS (Veiculo Lançador de Satélites), se estivesse funcional, ainda assim, não seria capaz de alcançar o anel de Clarke. Todos os satélites brasileiros (construídos aqui ou não) foram postos em órbita por foguetes estrangeiros.
Em 8 de fevereiro de 1985, foi lançado da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa, um foguete Ariane 3. No seu nariz ia um satélite cilíndrico modelo HS 376, de 2,19 metros de diâmetro, construído pela empresa canadense Spar Aerospace, em parceria com a Hughes norte americana.
Seu diferencial: seria totalmente operado pela estatal brasileira Embratel (na época fazia parte da Telebras, hoje foi privatizada). O nome do satélite era Brasilsat A1, o primeiro a dar serviços de telecomunicações via satélite de forma independente a uma estatal brasileira. Tinha, inclusive, bandas exclusivas para uso militar. Antes disto, a Embratel usava transmissores de satélites alugados, como os Intelsats.
O último satélite da série Brasilsat foi o B4 (modelo HS-376W da Hughes), lançado em 2000, e ainda se encontra em operação na posição orbital de 84º Oeste operando em órbita inclinada. Depois da privatização o setor de satélites da Embratel tornou-se a empresa StarOne. A série de satélites de 3ª geração começou com o StarOne C1 modelo Spacebus-3000B3, em 2007. Os satélites mais modernos são chamados de três eixos (com painéis solares que lembram asas). Estes usam rodas internas girando para cada eixo. Os antigos satélites eram cilíndricos que giravam para estabilizar seu eixo principal e manter sua antena virada para a Terra.
No dia 04 de maio de 2017, foi lançado de Kourou por um foguete Ariane V, um satélite modelo Spacebus-4000, denominado SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas). Diferente dos Brasilsats, que eram controlados por civis ligados ao Ministério das Comunicações (criado em 1967), este satélite e os subsequentes serão controlados por militares e têm um caráter de defesa estratégica.
Esta história toda é parte da minha história pessoal, pois trabalhei controlando os Brasilsat por quase 10 anos até entrar no Planetário do Rio, em 2006. Naquela época, o grupo se preparava para lançar os satélites de ultima geração, os StarOne. Alguns dos StarOnes foram fabricados pela mesma empresa que fez o SDCG. O último satélite lançado em 2016 e que hoje faz parte da frota da Embratel StarOne foi o D1 (modelo SSL-1300 da Loral Space System), que passou a cobrir a função do B4.
Quer conhecer mais sobre satélites? Entre 15 a 19 de maio, o Planetário do Rio oferecerá um curso de Astronáutica, das 19h30 às 21.
Outro link interessante: Cinco Mitos sobre Satélites