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Coluna do Astrônomo

Observação Detalhada de Material Orbitando o Buraco Negro do Centro da Via Láctea

Buracos negros são astros que atraem muito a nossa curiosidade por seu aspecto desconhecido. Estudar o interior de um buraco negro leva os astrônomos a se depararem com o que chamamos de singularidade, uma situação em que a matemática não funciona mais. É o que acontece, por exemplo, quando uma conta nos leva a uma divisão por zero.

A característica mais marcante de um buraco negro é que nada escapa dele, nem mesmo a luz. Logo, buracos negros são inobserváveis… mas podemos observar coisas girando ao seu redor.

Observações feitas no Observatório Europeu do Sul (ESO, da sigla em inglês de European Southern Observatory), Chile, mostram nodos de gás espiralando em órbita circular a uma velocidade de cerca de 30% da velocidade da luz ao redor do provável buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea. (Essa imagem utiliza dados de simulação – Fonte: ESO)

Observações anteriores de estrelas se deslocando velozmente na região central da Via Láctea e as observação de atividades com emissão de radiações de altas energias nos centros de outras galáxias já indicavam que a presença de buracos negros nos centros de galáxias espirais deve ser algo normal.

O que essas observações trazem de novidade é aumentar as evidências da existência do pesado morador do centro de nossa galáxia e o fato de, pela primeira vez, se observar material orbitando tão próximo do horizonte de eventos, que pode ser entendido como a região de fronteira entre o buraco negro e o exterior.

A animação abaixo fornece uma ideia melhor do que deve ser a movimentação do gás observado ao redor do buraco negro.

As melhores estimativas de massa em Astronomia são obtidas quando observamos movimentos. Isso permite relacionar as massas envolvidas com os movimentos observados e fazer boas estimativas. Através das observações já feitas de estrelas e, agora, do gás deslocando-se, a estimativa de massa para esse buraco negro é de cerca de quatro milhões de massas solares.

Apesar da grande massa e das expressões sempre associadas aos buracos negros como “altas energias”, “nada escapa”, “singularidade”, etc., sempre vale a pena desanimar os que adoram gerar material sensacionalista: não existe a mais remota chance desse buraco negro, ou qualquer outro, oferecer qualquer perigo à Terra ou ao Sistema Solar.

Leia mais sobre isso (em inglês): https://www.eso.org/public/news/eso1835/

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Coluna do Astrônomo

Programação Especial Nesse Domingo, 8 de Abril

Neste domingo, 8/4, o Planetário da Gávea apresenta uma programação especial para a garotada, com duas apresentações do programa ‘Uma Aventura no Planetário’ na cúpula Carl Sagan, a maior cúpula do Brasil.

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Coluna do Astrônomo

O Eterno Hawking e Sua Mensagem Para o Mundo: “Não precisa ser assim”

Stephen Hawking no final da década de 1990

O mundo perdeu hoje um homem que viveu 54 anos depois de receber do médico a notícia que viveria apenas alguns meses ou poucos anos, no máximo.

Mais que isso. Esse homem venceu suas limitações e expandiu o conhecimento da humanidade sobre o Universo,  big-bang,  buracos negros, relatividade e mecânica quântica.

Ainda mais que isso… Foi uma pessoa cativante e, com seu senso de humor e presença de espírito, tornou-se um brilhante popularizador da Ciência, sendo exemplo de como é possível explicar conceitos de ponta da Cosmologia para crianças ou adultos sem nenhum treinamento científico.

Brilhante pesquisador e brilhante divulgador, foi personagem do desenho animado Os Simpsons e fez participação no seriado The Big Bang Theory. Sua característica voz computadorizada foi utilizada em uma música do Pink Floyd. Era um cara da academia e também um cara pop!

 

Representação de Stephen Hawking em episódio do desenho animado The Simpson (Fox)

Stephen Hawking com elenco do seriado The Big Bang Theory (CBS)

 

Hawking dedicou grande parte da sua vida ao estudo dos buracos negros. A análise matemática desses objetos nos leva a uma situação limite que chamamos de singularidade, quando a matemática não funciona mais. Juntamente com Roger Penrose, Hawking disse que o Universo em seu início era uma singularidade, chacoalhando nosso entendimento sobre o big-bang, a ideia que, apesar de todas suas modernas variações, explica o início de tudo o que conhecemos.

Filme biográfico de 2014 (dirigido por James Marsh)

Temos hoje na Física teorias que funcionam muito bem em domínios muito bem definidos. A física clássica, ou física newtoniana, é a que usamos para lidar com as coisas do dia a dia, as velocidades e as massas de nossa rotina. Podemos construir prédios e calcular a velocidade de trens e carros com ela. No mundo muito pequeno, dos átomos e partículas subatômicas, as coisas não funcionam como no nosso mundo clássico, e precisamos de outra teoria, a física quântica. Já no mundo muito grande, das grandes massas como as das estrelas e galáxias, e velocidades grandes como as das partículas que se deslocam com velocidades próximas à da luz, usamos a teoria da relatividade geral.

Mas será que a natureza é assim mesmo? Será que ela tem formas diferentes de funcionar em diferentes escalas? Ou será que estamos perdendo alguma coisa?

Um dos maiores desafios da física atual é prover uma teoria que englobe todas essas outras teorias. Stephen Hawking trabalhou muito na união entre a relatividade geral e a mecânica quântica e, por causa desse seu interesse, o filme que conta sua biografia chama-se “A Teoria de Tudo”.

Para quem gosta de coincidência, Hawking nasceu em 8 de janeiro de 1942, cerca de 300 anos depois de Isaac Newton, que nasceu em 25 de dezembro de 1642. E faleceu em 14 de março de 2018, dia de aniversário de Einstein.

Eu aprendi uma lição muito importante com ele, além de tudo o que todos os astrônomos do mundo aprenderam com seu legado. Numa entrevista, Hawking disse que, com o avançar da doença, ficou cada vez mais difícil realizar tarefas simples como pegar um livro na estante. Por isso, sempre que ele lia algo, procurava fazer com toda a atenção para absorver o máximo possível, pois poderia ser bem difícil pegar novamente aquele livro para reler. Vi essa entrevista quando estava na faculdade de Astronomia. Isso me ensinou a aproveitar melhor meu tempo de estudo, uma lição que trago comigo até hoje.

Apesar de toda sua contribuição científica, Stephen Hawking deve ser lembrado primeiramente por seu exemplo de superação humana. E, algo que considero bem simbólico, é sua mensagem na música “Keep Talking” do Pink Floyd, onde o cientista, que perdeu os movimentos do corpo, deixa uma mensagem de força para todos os que acreditam num mundo melhor, e lhes estimula a lutarem com o que lhes resta, seja o que for. Com a voz emitida por um dispositivo eletrônico, Hawking diz:”Não precisa ser assim. Tudo o que precisamos fazer é ter a certeza que continuar falando.1

Keep Talking, do Pynk Floyd, com participação do Stephen Hawking

 

1 –(original em inglês: It doesn’t have to be like this / All we need to do is make sure we keep talking)

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Coluna do Astrônomo

Legado do Thayan – Acessibilidade no Planetário da Gávea

Há alguns meses, tive a honra de receber aqui no Planetário o aluno da UERJ de licenciatura em biologia Thayan Lopes e suas orientadoras Dra. Andréa Espínola de Siqueira e Dra. Magui Vallim. Thayan estava em vias de concluir seu curso e queria fazer a monografia obrigatória, analisando as condições de acessibilidade do Planetário da Gávea.

A ideia me cativou logo de inicio. Acessibilidade sempre foi uma questão importante para nós e dentre os motivos que levaram Thayan a escolher o Planetário para seu estudo está o fato de ter conseguido entrar e explorar o espaço. Levei o tema da monografia às pessoas diretamente ligadas à administração e manutenção predial, e todos também adoraram. Estaríamos nos colocando em posição de sermos avaliados da melhor forma possível. Thayan e as orientadoras deixaram muito claro sua intenção desde o início: apontar possíveis pontos onde poderíamos melhorar. Sempre queremos melhorar!

Thayan era cadeirante mas sua preocupação foi muito além das necessidades especiais que ele próprio conhecia. Ele tocou na acessibilidade também para surdos, cegos e pessoas com baixa visão e fez seu trabalho à altura do desejo pessoal de deixar um legado. Sua monografia foi extremamente rigorosa e ressaltou pontos já existentes como a rampa de acesso na entrada do Museu do Universo, as duas vagas amplas sinalizadas para cadeirantes no estacionamento e os banheiros adaptados. Também chamou a atenção para melhorias necessárias, como voltarmos a ter uma sessão de planetário para surdos, intensificarmos a iluminação em alguns ambientes  e ampliação do piso tátil em alguns lugares.

Thayan da Silva Lopes (esquerda) e Leandro L S Guedes na rampa do Museu do Universo.

Todo o trabalho mostrou onde estamos acertando e onde podemos melhorar no futuro.

Dia 29 de novembro de 2017 aconteceu a defesa da Monografia. Tive também a honra de participar da Banca. Foi uma defesa acadêmica especialmente emocionante porque Thayan faleceu pouco antes de concluir o trabalho escrito. Com toda a pesquisa feita e grande parte do texto produzido, suas orientadoras e colegas realizaram os ajustes finais e de formatação do texto.

A apresentação foi feita por três colegas de turma, Ana Madeira, Caroline Richau e Vinicius de Souza, e Thayan estava representado por sua mãe e incansável companheira Adélia Rosa Vicente da Silva Lopes.

Thayan certamente deixou muitos legados em cada um que o conheceu, inclusive no Planetário.

Banca da Monografia, da esquerda para direita: Lúcio Paulo do Amaral Crivano Machado (UERJ), Leandro L S Guedes (Planetário), Andrea Espinola de Siqueira (UERJ), Helder Silva Carvalho (IBMR) e Magui Vallim (ISERJ).
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O Dia do Astrônomo

Dom Pedro II
Dom Pedro II

Dezembro é mês de histórias. Assim… Era uma vez o filho de um imperador, nascido em uma cidade maravilhosa. Aos dois anos de idade, tornou-se órfão de mãe, e, aos cinco, seu pai abdicou do título de imperador. O jovem filho deveria sucedê-lo, mas, dada a sua pouca idade, os políticos da época organizaram um governo provisório, enquanto o futuro imperador não atingisse a maioridade. Essa maioridade foi declarada antecipadamente, e, aos 15 anos de idade, recebia uma coroa e a missão de comandar um povo. O novo imperador cresceu, assim como a nação que ele administrava. Era grande amante de ciência e de tecnologia, e fez questão de levar educação à população e de fomentar a pesquisa científica.

Talvez o leitor já esteja conhecendo essa história, e já tenha identificado o prematuro imperador como Dom Pedro II. Segundo imperador do Brasil, ele colocou em sua administração a marca de seu amor pela ciência. Criou escolas e faculdades. Em seu reinado, correu a primeira locomotiva em nossas terras. Foi instalado um cabo submarino ligando o Brasil à Europa, para comunicações telegráficas (isso mesmo, um cabo de comunicação que cruzava o oceano – e que funcionou até 1973). Foi instituído o selo postal, tornando o Brasil o terceiro país no mundo a adotar esse mecanismo que aumentava a agilidade dos serviços dos correios.

Seu espírito entusiasta o levou a uma exposição nos Estados Unidos, onde ele experimentou uma nova invenção que estava sendo exibida, algo cuja patente tinha o nome de um tal de Graham Bell. Muito provavelmente, Dom Pedro II foi o primeiro brasileiro a utilizar aquele revolucionário aparato que mudaria a história do mundo. Trouxe aquela invenção para nosso país, e inaugurou a telefonia brasileira.

Mas nesse coração que amava a ciência, havia lugar especial para a Astronomia. Era amigo pessoal do astrônomo francês Camille Flamarion. O Imperial Observatório – posteriormente Imperial Observatório do Rio de Janeiro, e atualmente Observatório Nacional, havia sido criado por seu pai, mas foi sob o reinado de Dom Pedro II que a instituição começou a ser de fato produtiva. Doou até instrumentos de seu observatório pessoal para que o observatório do país crescesse. E além de abrigar esse observatório, a cidade do Rio de Janeiro receberia no século seguinte o único curso de graduação em Astronomia do Brasil.

Por seu amor pela ciência e seu gosto em especial pela Astronomia, Dom Pedro II, além de ser chamado Magnânimo, recebeu o título de Patrono da Astronomia Brasileira. Foi escolhido o dia do seu aniversário, 2 de dezembro, para ser o dia da Astronomia, ou dia do Astrônomo. Homenagem bastante merecida.

Esse é o dia dos que contemplam o céu e se intrigam com os mistérios da Astronomia. Dia dos que acreditam que a tecnologia deve ser utilizada em serviço da vida. É o dia dos que se fazem perguntas sobre os mecanismos mais básicos da natureza. Dia dos que querem saber e não têm medo de perguntar. É o dia dos que têm ambição intelectual.

Dia dos que gostam de ler sobre curiosidades astronômicas. Assim sendo, querido leitor, parabéns pelo seu dia!

(Esse texto foi anteriormente publicado em http://astronomia.blog.br/o-dia-do-astronomo/)

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Planetário e Observatório Nacional: Parceria das Estrelas

O Universo está aumentando de tamanho, e cada vez mais rápido. Essa expansão acelerada é consequência da ação de uma energia cuja origem é totalmente desconhecida, e foi batizada de energia escura. Sabia que cientistas brasileiros estão entre os pesquisadores que buscam compreender mais sobre essa misteriosa entidade?

Uma parceria firmada entre o Planetário e o Observatório Nacional irá mostrar muito do trabalho realizado pelo LIneA (Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia) no projeto DES (do inglês: Dark energy Survey), em busca de compreender mais sobre a energia escura. A ideia é levar ao público detalhes do processo, desde o funcionamento dos equipamentos de observação até análises feitas por astrônomos utilizando os dados coletados.

Aguarde palestras, vídeos e sessões de cúpula com esse objetivo. Esperamos com essa oportunidade falar bastante sobre Cosmologia e a ciência feita por brasileiros. Pretendemos que além de compreender o que os cientistas pensam sobre nosso Universo em grande escala, possamos discutir com vocês a participação brasileira em questões científicas que envolvem projetos internacionais.

Da esquerda para direita: Ana Carolina, diretora financeira da Fundação Planetário do Rio de Janeiro; Dr. João dos Anjos, diretor do Observatório Nacional (ON); Dr. Nelson Furtado, presidente da Fundação Planetário do Rio de Janeiro e Dr. Luiz Nicolaci da Costa, Astrônomo do ON e coordenador do LIneA.

Uma das maiores satisfações para quem trabalha com educação científica no Brasil é falar da ciência feita no país. Por isso estamos muito felizes com essa parceria astronômica!

 

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Outro Fim do Mundo Fake

Pois é, dia 23 de Setembro, já noite, e nada do Nibiru… ou do portal para outra dimensão que ia se abrir por causa de um super alinhamento planetário. Inúmeros posts no Facebook e correntes de Whatsapp espalharam a lenda de mais um fim de mundo agendado para hoje que, novamente, não aconteceu. 

O boato era o de que esse hipotético planeta chamado Nibiru, invisível para os astrônomos, estava vindo em nossa direção e se chocaria com nosso planeta hoje. Uma breve olhada para a História recente e uma pensada sobre Astronomia poderia ter eliminado esse boato logo no início. Plutão deixou de ser planeta porque conseguimos observar objetos pequenos e distantes aqui no Sistema Solar. E estamos num ponto das tecnologias observacionais na Astronomia em que começamos a fazer imagens de planetas extrassolares, localizados a dezenas e centenas de anos-luz. Ou seja: não há a menor chance de haver um planeta no Sistema Solar, ainda mais em rota de colisão com a Terra, que não possa ser observado. E os Astrônomos do mundo não são tão unidos para guardarem um segredo como esse.

Ouça abaixo uma conversa minha com a Jornalista Georgia Cristhine da rádio Sputnik sobre esse assunto antropologicamente fascinante. Se o mundo continuar amanhã, não deixe de escrever ou vir ao Planetário para conversarmos sobre esse outros assuntos

 

 

Cena do filme Deep Impact (Paramoount Pictures)

 

 

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Transmissão da oposição de Júpiter

No dia 5 de abril, realizamos a primeira transmissão ao vivo do Planetário pelo Facebook, celebrando a oposição de Júpiter, ocorrida dois dias depois.

Já havíamos transmitido pela internet uma ocultação e um eclipse lunar, e essas experiências foram criando em nós o entusiasmo para buscarmos novas formas de transmitir imagens ao vivo do céu ao mesmo tempo que pudéssemos interagir com perguntas e comentários feitos também ao vivo. E, evidentemente, surgiu o entusiamos para melhorar e fazer muitas outras transmissões que virão nos próximos meses.

Durante a noite da transmissão, que ocorreu a partir das 20h45, Júpiter se deslocou dessa forma no céu, até cerca de 3h da madrugada do dia seguinte:

Movimento diurno do céu, mostrando o deslocamento de Júpiter na noite da transmissão, desde o início até cerca de 3h da madrugada (imagens de www.cartascelestes.com)

Aproveitando ainda o bom céu daquela noite e os equipamentos montados para a transmissão, ficamos mais algumas horas aqui no Planetário. Maurício Arbex, que captou todas as imagens de Júpiter exibidas durante a transmissão, pode observar o planeta por mais tempo, e o que ele obteve nos permitiu montar o GIF abaixo:

Rotação de Júpiter. Imagens: Maurício Arbex.

Deixem suas sugestões de novos temas para as próximas transmissões. O que gostariam de observar ao vivo conosco? Aglomerados? Outros planetas? Nebulosas?

 

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Eclipse de 26 de fevereiro de 2017

Estamos nessa manhã de domingo de carnaval no Planetário para fazer a transmissão do Eclipse Solar, mas o céu está nublado em toda a cidade.

Veja abaixo a transmissão pelo canal RUPTLY, com observação do Chile. Se o tempo abrir por aqui, entraremos na hora.

[su_youtube url=”https://www.youtube.com/watch?v=oKZpZhNB_Xs”]

Planejamos uma transmissão para ser feita nesse endereço: http://cartascelestes.com/eclipse-solar-de-fevereiro-de-2017/ .

É, isso é algo que temos que lidar se queremos curtir astronomia de verdade. É preciso saber que algumas vezes você vai se preparar, montar um equipamento, fazer testes e na hora H… o tempo pode fechar.

Eclipse-fev-17-telescopio

Essa é uma foto do nosso céu agora nas proximidades do horário do início do Eclipse:

eclipse-fev-2017

Estaremos de plantão aqui até o fim do eclipse. Se surgir algo, atualizaremos na página da transmissão: http://cartascelestes.com/eclipse-solar-de-fevereiro-de-2017/ .

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Cometa com Composição Semelhante a do Halley é Destruído em Anã Branca

A anã branca WD 1425+540 faz parte de um sistema duplo, e está a cerca de 170 anos-luz da Terra, na constelação de Boötes, ou Boieiro. Um grupo de astrônomos observou rastros de um cometa que foi destruído por ela, sendo essa a primeira observação de um desses objetos em órbita de uma anã branca.

O cometa tinha composição química semelhante a do famoso cometa Halley, que é observado facilmente da Terra a cada 76 anos, aproximadamente. Apesar da semelhança química, o cometa destruído era 100 mil vezes mais massivo que o Halley e tinha duas vezes sua proporção de água, em relação ao material rochoso.

O Halley pertence ao Sistema Solar, gira em torno do Sol, e não tem nada a ver com a WD 1425+540. Mas observar a química semelhante confirma a ideia de que as condições que deram origem à vida por aqui devem se repetir abundantemente pelo Universo: análise espectral revelou que o cometa era rico em elementos essenciais à vida, como carbono, oxigênio, enxofre e nitrogênio. Também foram observados cálcio, magnésio e hidrogênio.

Essa foi também a primeira vez que se observou nitrogênio em material caindo em uma anã branca. Um dos autores do trabalho, Siyi Xu, do European Southern Observatory, disse:

“Nitrogênio é um elemento muito importante para vida como a conhecemos. Esse objeto em particular é bastante rico em nitrogênio, mais que qualquer outro objeto observado em nosso Sistema Solar.”

Me chamou a atenção nessa declaração de Siyi Xu o fato dele mencionar delicadamente que só podemos falar sobre a química necessária para vida como a conhecemos. Entendo isso como o reconhecimento, muito correto, da possibilidade de existência de vida cuja natureza química desconheçamos.

A observação nos traz também questões sobre a mecânica e a estrutura do sistema como um todo. Esse foi o primeiro cometa observado em uma anã branca, mas não o primeiro objeto. Existem várias observações de corpos rochosos, do tipo de asteroides – sem gelo -, orbitando anãs brancas, o que sugere a existência de uma estrutura semelhante ao Cinturão de Kuiper no Sistema Solar: em regiões distantes do centro, um cinturão de objetos sólidos, pequenos e gelados. Esses objetos gelados aparentemente sobreviveram à evolução da estrela, originalmente semelhante ao Sol, que depois virou uma gigante vermelha e colapsou em uma pequena e densa anã branca.

E o grupo de astrônomos especula ainda sobre o quê poderia ter tirado o cometa de sua órbita original, distante, e levá-lo até a colisão. Isso pode ter acontecido devido à influência gravitacional de planetas ainda não observados que estariam ali orbitando a anã branca; ou à influência causada pela companheira da anã branca nesse cinturão, fazendo com que o cometa viajasse em direção à região central do sistema. O mais provável é que tenha havido uma combinação desses dois fatores.

Essa observação nos lembra também que estudar coisas aqui perto nos leva a compreender coisas distantes. Já que a química de outros sistemas é semelhante à química daqui, compreendendo a química do Sistema Solar, estaremos aptos a especular algumas coisas sobre planetas que se formaram lá e detectar sistemas mais prováveis de abrigar vida. Como conhecemos, claro.

 

Concepção artística representando um cometa massivo caindo em uma anã branca e a estrutura de planetas e um cinturão de pequenos objetos que se supõe existir em WD 1425+540 (Imagem: HST)
Concepção artística representando um cometa massivo caindo em uma anã branca e a estrutura de planetas e um cinturão de pequenos objetos que se supõe existir em WD 1425+540 (Imagem: HST)

Leia Mais:

Comunicado do HST (em inglês): http://www.spacetelescope.org/news/heic1703/