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Coluna do Astrônomo

Tirando fino da Terra!!!

 

O que você faria se soubesse que um objeto de 20 metros de diâmetro estivesse vindo em sua direção a uma velocidade superior a 45 mil km/h? Correria? Acho que nem adiantaria tentar. Mas sabe o que é pior? No dia 7 de setembro isso acontecerá!!! Por sorte, o objeto em questão passará a uma distância aproximada de um décimo da distância Terra-Lua. Mas, acalme-se, isto equivale a uns 40.000 km, ou seja, longe o suficiente para nem tocar a nossa atmosfera.

O asteroide 2014RC terá sua máxima aproximação com o nosso planeta às 15h18min, no horário de Brasília. Não são raros os asteroides de baixa massa e pequenas dimensões na vizinhança da Terra. No ano passado, tivemos o evento de Cheliabinsk, Rússia, uma queda que foi filmada por diversas câmeras e provocou estragos consideráveis.

Em 2008, ocorreu a queda do asteroide 2008TC3, no deserto da Namíbia, Sudão, sendo prevista com apenas 11 horas de antecedência e presenciada por um piloto de aviação comercial. Partes do asteroide foram recuperadas.

Esperemos que estes petardos continuem a passar próximos, para o deleite dos caçadores de asteroides, mas que o alvo nunca seja atingido.

Para saber mais, leia em:

http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/

http://www.nasa.gov/jpl/asteroid/small-asteroid-to-safely-pass-close-to-earth-sunday/index.html (em inglês).

 

 

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Coluna do Astrônomo

Origem da Vida: Terrestre ou espacial?

 

Qual será a origem da vida? Existem experimentos que dizem ser possível, a partir da condições iniciais do planeta Terra, ter se formado quase espontaneamente da combinação de vários elementos químicos. Outras teorias falam da possibilidade da vida ter sido de origem extraterrestre, disseminada por cometas e asteroides. Qual a verdadeira?

Para responder esta pergunta, o pesquisador russo Aleksander Oparin (direita) e o inglês John Burdon Haldane (esquerda) propuseram, no início da década de 1920, a formação de moléculas orgânicas a partir de moléculas inorgânicas, inicialmente na atmosfera e posteriormente nos oceanos.

Resumidamente, seria assim. As condições iniciais do planeta eram muito diferentes da atual. A enorme quantidade de vulcões expelia gases e partículas que ficaram aprisionados ao planeta devido à força gravitacional, criando uma atmosfera primitiva.

Composta basicamente dos gases – Metano (CH4), Amônia (NH3), Hidrogênio (H2) e vapor de água (H2O), a atmosfera primitiva continha pouco Oxigênio (O2) e, por isto, era um ambiente de baixa oxidação, o que permitiria a combinação e a preservação de elementos mais complexos.

Como a camada de Ozônio (O3) não existia ou era muito rarefeita, uma enorme quantidade de radiação agia sobre os gases atmosféricos, além de gigantescas descargas elétricas que forneciam energia para a formação de moléculas orgânicas mais complexas. Como eram formadas na atmosfera, estas moléculas orgânicas eram depositadas nos oceanos através das chuvas, enriquecendo-os de materiais orgânicos ao longo de milhares de anos, formando a chamada sopa nutritiva ou sopa primordial.

Na sopa nutritiva, as moléculas iriam se aglomerar e formar as estruturas chamadas de coacervados, moléculas proteicas envoltas por água. Ainda não eram seres vivos mas um sistema semifechado que conseguia interagir com as áreas externas e produzir reações químicas internamente.

Com a presença dos coacervados (imagem abaixo) pode-se supor o aparecimento dos primeiros seres com uma membrana proteica e lipídica com uma molécula de ácido nucleico, que poderia regular as reações internas e se reproduzirem, dando origem a outros seres semelhantes.

 

 

Stanely Miller e Harlod Urey, da Universidade de Chicago, construíram um aparelho para simular as condições da atmosfera primitiva e a formação de compostos orgânicos. O resultado foi espetacular, pois conseguiu combinar moléculas complexas, inclusive aminoácidos, uma das bases para a existência de vida como conhecemos.

 


Esquema do simulador de Miller e Urey

A corrente mais aceita para a formação de vida é da necessidade da água. Porém, um experimento feito no início da década de 1970, pelo biólogo Sidney Fox, mostrou que é possível a união de aminoácidos sem a presença de água. A experiência consistia no aquecimento, a seco, até uma temperatura de 60ºC de uma mistura de aminoácidos. O resultado foi a produção de pequenos polipeptídeos, ou seja, uma cadeia de aminoácidos que podem levar à produção de uma proteína, que são responsáveis por diversas funções em um organismo mais complexo.

O problema de se encontrar a síntese de formação de grandes moléculas foi solucionada a partir da hipótese da ocorrência destas reações na superfície de rochas e em compostos de argila existentes na superfície do planeta. Com estes elementos complexos e as chuvas, foi possível a criação da sopa nutritiva proposta por Oparin e o aparecimento das formas de vida primordiais.

Outro modelo que tenta explicar o aparecimento de vida na Terra baseia-se na queda de meteoritos e cometas. Estes objetos, oriundos dos mais diferentes pontos da nuvem que formou o Sistema Solar, além do choque entre os objetos protoplanetários, e até mesmo da colisão de cometas com outros planetas, teriam trazido as primeiras formas de aminoácidos e proteínas para a Terra, semeando a vida primordial.

Este modelo de vida oriunda do espaço, apesar de não termos comprovação, apenas a presença de moléculas pouco complexas encontradas em amostras de meteoritos, principalmente os condritos carbonáceos, pode explicar a origem no nosso planeta, mas transfere o problema para outras regiões espaciais muito mais inóspitas do que as encontradas aqui na Terra.

Esta hipótese chama-se Panspermia e foi proposta inicialmente por Anaxágoras, filósofo grego do século V a.C., que, apesar de pouco aceita, está baseada atualmente na existência de um grupo de seres vivos chamados de extremófilos.

Os extremófilos são organismos que sobrevivem às condições adversas para outras formas de vida. Os mais estudados aqui na Terra são encontrados em fontes termais sob pressões e temperaturas enormes ou em locais com temperatura muito abaixo do ponto de congelamento da água 0ºC.

 


Fonte termal

Um exemplo de extremófilo são os  tardígrados. Conhecido também como ursos-d’água, são artrópodes, ou seja, possuem como característica o exoesqueleto e são invertebrados com diversos apêndices articulados em seu corpo.

Em 2007, vários espécimes foram enviados ao espaço e, além do vácuo, foram expostos a quantidades enormes de radiação. Um terço dos animais continuou vivo e uma parte deles ainda foi capaz de se reproduzir.

 


Tardígrado

 


Ovo de tardígrado

 

Apesar da resistência dos tardígrados e outros seres vivos, como os ostrácodes, um pequeno crustáceo, que pode medir entre 0,5mm e 4mm, ambientes externos são demasiadamente inóspitos fazendo com que, apesar da possibilidade, poucos pesquisadores acreditem na teoria de origem de vida chamada panspermia.

No dia 19 de agosto de 2014, foi publicado em um jornal russo, a ITAR-TASS, a entrevista com o Vladimir Solovyev, chefe de operações na estação espacial internacional (ISS), afirmando que foi encontrado plâncton marinho na parte externa e nas janelas da ISS. Apesar de não saber como foi dada a contaminação, o pesquisador supõe que tenha sido levado durante os diversos lançamentos das partes que formam a estação. (Veja notícia)

A Agência Espacial Norte Americana (NASA), ao ser questionada sobre a existência destes microrganismos, não confirmou, restringindo-se a comentar que aguardam relatórios da agência espacial russa Roscosmos.

Casos como este aparecem esporadicamente na imprensa. Em 1996, pesquisadores afirmaram que um meteorito de origem marciana possuía em seu interior traços que sugeriam a presença de um fóssil extraterrestre. A imprensa noticiou entusiasmadamente a descoberta e algumas semanas depois diferentes pesquisadores sugeriram que estas estruturas são causadas por contaminação de microrganismos terrestres. A controvérsia persiste até hoje.

 


Estrutura encontrada no meteorito ALH84001

 

A Astronomia exerce um fascínio muito grande da população. Por isto, a necessidade de notícias pela imprensa, a falta de fontes confiáveis e a necessidade de verbas para pesquisa faz com que apareçam informações de origens duvidosas ou pouco criteriosas nas agências de notícias.

Da próxima vez que ler uma notícia sobre Astronomia procure o máximo de informações sobre o assunto em fontes confiáveis, só assim poderá ter um mínimo de segurança sobre o assunto apresentado.

Quanto à pergunta primeira “Qual a origem da vida?” não temos uma resposta definitiva. Para isto, como dizem alguns amigos biólogos, antes temos que encontrar uma definição para o termo vida. Espero que este questionamento seja respondido em breve e que possamos encontrar sinais de sua existência em outros locais do Universo.

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Coluna do Astrônomo

Em posição! Um, dois, três, quatro….

 

Quantas estrelas uma pessoa conseguiria contar em um minuto? Com uma certa velocidade e dedicação, provavelmente, umas 120. Claro que depois de um certo tempo (bem curto, acredito!) qualquer “contador de estrelas” iria ficar irritado e parar. Então, como sabemos quantas estrelas existem?

Em uma galáxia podemos utilizar a força gravitacional que a sua massa exerce sobre as galáxias satélites ou próximas e estimar estatisticamente o  número de estrelas através de uma distribuição de massas observadas. Mas, e se quisermos contar individualmente? Será que é possível fazer isto?

A resposta é fácil, sim! É claro que ninguém ficará contando uma por uma as estrelas. Com a tecnologia atual é inimaginável alguém ficar do anoitecer até o amanhecer contando estrelas e marcando a sua posição como feito por Hiparcos, um grande astrônomo grego, cerca de 150 anos antes de Cristo.

Atualmente, com os computadores, telescópios, câmeras imageadoras, programas de identificação de objetos e satélites espaciais, nosso problemas ficaram menores. Podemos utilizar estes aparelhos para cumprir esta missão e não nos cansarmos. Eles fazem tudo automaticamente, claro que existe um certo custo nisto.

O mais moderno equipamento para o obtenção da posição dos astros tem o nome de Gaia. Este é um observatório espacial que foi lançado no dia 19 de dezembro de 2013 e encontra-se atualmente orbitando uma região denominada L2, ou ponto de Lagrange 2. O L2 fica a cerca de 1,5 milhões de quilômetros da Terra e sua importância vem do fato que a ação da força gravitacional da Terra e do Sol, neste ponto, se equilibram.

A partir deste ponto, cerca de um bilhão de estrelas serão observadas pelos equipamentos do satélite espacial Gaia e nos fornecerá informações de suas posições e movimentos próprios. Este número enorme de estrelas é menor que 1% da quantidade de estrelas da nossa Galáxia. O leitor poderá perguntar: Por que parar em apenas 1% da Via Láctea? A resposta é: existem limitações visuais. Assim como o nosso olho pode observar até 6.000 estrelas sem equipamentos, número aproximado de estrelas até a magnitude 6, o telescópio espacial poderá observar, confiavelmente, até a magnitude 14 (quanto maior a magnitude, menor o brilho), limitando o número até o apresentado acima.

Para fazer isto, o telescópio espacial Gaia irá fazer uma rotação em torno do seu próprio eixo em um período de seis horas e utilizará a câmera espacial atualmente em utilização. Como uma pequena comparação, uma câmera de celular possui algum em torno de oito milhões de pixels, já a Gaia tem uma câmera com quase um bilhão de pixels. Apenas como ilustração, os equipamentos são capazes de observar um fio de cabelo a uma distância de 2.000 quilômetros.

Além de medir as posições, Gaia irá nos fornecer dados como luminosidade, temperatura e composição química dos objetos. Estas informações nos permitirão construir um mapa tridimensional muito preciso, pois as posições das estrelas são medidas com uma acurácia incrível, e tentar esclarecer dúvidas sobre a composição e a história do desenvolvimento de nossa galáxia.

Como o Gaia já encontra-se em posição, esperamos para breve um número enorme de dados que chegarão e darão trabalho para astrônomos do mundo todo por muito tempo.

 

 

 

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Vida Fora da Terra II – A missão

 

Dando continuidade ao assunto sobre a busca de vida extraterrestre pelo telescópio espacial James Webb, que será lançado em 2018, através de detecção de gases, encontrei, graças ao Salvador Nogueira (do blog Mensageiro Sideral da Folha de São Paulo), um artigo muito interessante de pesquisadores do Cambridge College e do Harvard-Smithsonian Center of Astrophysics sobre a possibilidade de utilização de elementos poluidores na atmosfera de planetas habitados.

O artigo chama-se: Detecting Industrial Pollution in the Atmosphere of Earth-Like Exoplanets, que em uma tradução livre fica: Detecção de poluição industrial na atmosfera de exoplanetas do tipo terrestre. Os autores iniciam o artigo falando sobre o projeto SETI de busca de vida extraterrestre através de sinais emitidos por civilizações alienígenas e a complementação com o telescópio espacial na busca de elementos químicos denominados biomarcadores, como o oxigênio molecular, que poderia indicar processos biológicos no planeta.

A inovação deste artigo está no fato que ele sugere a possibilidade de estudar a concentração da poluição atmosférica como potencial biomarcador. Além disto, os autores propõem essa pesquisa ao redor de estrelas anãs brancas. Este tipo estelar é consequência da evolução de estrelas que nasceram com pouca massa (com até 10 massas solares), e possuem um diâmetro próximo ao do nosso planeta e uma temperatura de aproximadamente 30.000 graus. Esta temperatura diminui gradualmente com o passar do tempo, podendo chegar, após alguns bilhões de anos, à temperatura superficial semelhante ao do Sol, cerca de 6.000K.

De acordo com os autores, a possibilidade de encontrar planetas habitados transitando na frente da anã branca com temperatura típica do Sol é muito grande, pois a zona de habitabilidade da estrela encontra-se apenas a 0,01 unidade astronômica (UA = distância média da Terra ao Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros). Com esta temperatura, pode-se supor que a anã branca tenha um espectro semelhante ao Sol, possibilitando a formação de uma atmosfera como a do nosso planeta. Devido à proximidade entre a estrela e o planeta, o estudo da atmosfera é muito facilitado pela grande possibilidade de observação de um trânsito e, com isto, o contraste com a atmosfera do planeta.

Por mais incrível que possa parecer, referências encontradas no artigo mostram a possibilidade de formação e migração de exoplanetas ao redor de estrelas evoluídas, como anãs brancas e gigantes vermelhas.

Voltando aos agentes poluidores biomarcadores, os autores sugerem, após uma análise de vários poluentes, que se use o CFC-14 e o CFC-11 como os alvos a serem buscados. Eles são os melhores elementos porque, além de terem um tempo de vida que varia de 10 a 10.000 anos, suas emissões estão na faixa observável do telescópio espacial. Devido à dificuldade de produção espontânea por outros processos químicos, a presença destes gases serve como um grande indicativo de poluição provocada por algum tipo de população industrializada.

A possibilidade de existência de vida industrializada foi discutida, em uma conversa informal, entre alguns astrônomos da Fundação Planetário faz algum tempo. Lembro-me que na época não tínhamos aventado a possibilidade de observar estrelas anãs brancas, mas discutimos algumas dificuldades como:

1. A suposição de que estaríamos procurando formas de vida semelhante a nossa, restringindo muito qualquer outra hipótese;

2. O grau de industrialização deveria ser parecido e com a produção de materiais similares;

3. A não preocupação com o meio ambiente ou a possibilidade de um aquecimento global e destruição de elementos atmosféricos;

4. E, principalmente, um aspecto que não vou entrar em discussão que é a pergunta: O que é vida? Qual a sua definição?

 

Esperamos que este novo método proposto para a busca de vida extraterrestre possa ajudar a responder à questão de sua existência ou não. Alguns questionamentos e críticas ao trabalho ainda aparecerão, mas a ciência é feita de erros e acertos, sendo de competência dos cientistas a identificação de ambos e a evolução gradual do conhecimento.

 

 
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“Só os tolos e os mortos jamais mudam de opinião”

 

James Russel Lowell, poeta americano do final do século XIX, nunca esteve tão certo. A citação acima (o título deste texto) expressa um pensamento que deveria ser seguido por todas as pessoas, e principalmente pelos cientistas. Digo isto por causa das últimas informações sobre a possível constatação do modelo inflacionário com a presença de um indicador na Radiação Cósmica de Fundo.

No dia 17 de março deste ano, foi anunciado ao mundo estes indícios. Corroborando a teoria inflacionária do Big Bang, a polarização observada na radiação cósmica de fundo ajusta-se muito bem ao previsto caso tenha sido perturbada por ondas gravitacionais geradas antes que houvesse o desacoplamento entre matéria e energia. Sem o descoplamento, o Universo era totalmente opaco e não era possível observar-se em nenhum comprimento de onda.

No dia 19 de junho, estas afirmações continuaram, mas os pesquisadores disseram que uma possível contaminação nos dados observacionais da Radiação Cósmica de Fundo, provocada pela poeira da Via Láctea, pode ter ocorrido, levando a erro na sua interpretação.
  
Como afirma John Kovac, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, autor da descoberta: “A principal descoberta não foi alterada; nós temos grande confiança nos nossos resultados”. Porém, o grupo de pesquisadores publicou no periódico científico “Physical Review Letters” um artigo reconhecendo a possível influência da poeira galáctica em seus dados.
  
Dentro de algumas semanas teremos algumas resposta graças às observações feitas pelo telescópio espacial Planck. Assim que confirmadas ou não as suspeitas divulgaremos para os nossos leitores. Fique de olho no nosso Blog, Facebook e Twitter e acompanhe essa e outras notícias da Astronomia.
 
 
Postagem relacionada: http://www.planetariodorio.com.br/index.php?option=com_k2&view=item&id=3268:polarização-da-radiação-cósmica-de-fundo&Itemid=290
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Arrumar ou jogar fora?

O que geralmente acontece quando um aparelho eletrônico para de funcionar? Temos duas soluções possíveis. A primeira seria, de um grande amigo que não poderei revelar o nome, “Jogue isto fora e compre outro igual ou melhor!”. Nem sempre é possível mas, continuemos. Uma segunda hipótese é arrumar e aí dependerá de vários fatores. Mas, e se o objeto em questão for um telescópio espacial de alguns milhões de dólares?

O telescópio espacial em questão é o Kepler, um instrumento poderoso que conseguiu observar quase mil planetas extrassolares de forma conclusiva e que ainda teria muito a nos oferecer. Porém, dois dos quatro giroscópios que servem para estabilizar o telescópio pararam de funcionar, ocasionando uma perda de orientação, inicialmente inutilizando o instrumento.

Os cientistas responsáveis pela missão estavam com um grande problema: o telescópio espacial parou porque precisava de, no mínimo, três giroscópios para se estabilizar e só possuía dois funcionando. E, buscando soluções para este problema, como se diz no popular, veio uma luz a eles, ou ao telescópio, basicamente.

Dois dos giroscópios foram acionados e o terceiro eixo foi orientado utilizando-se a pressão de radiação solar. Com esta solução está sendo possível orientar o instrumento e observar os campos alvos (ver figura 1) ao longo do plano da eclíptica.

Como o vento solar é orientado radialmente para fora, os campos alvos serão mudados a cada 75 dias aproximadamente, devido ao movimento ao redor do Sol. Com isto, novos aglomerados estelares, estrelas jovens e antigas, galáxias ativas e supernovas poderão ser estudadas e novos planetas, com períodos de rotação curtos poderão ser descobertos.

Agora, da próxima vez que um aparelho, eletrônico ou não, parar de funcionar, tente pensar em alguma coisa útil que possa ser feito com ele e não o descarte simplesmente. Isto vale para o meu amigo também….

Campos alvos do telescópio Kepler (NASA)

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Eclipse Lunar Total

 

Entre todos os fenômenos astronômicos, o eclipse é o mais impactante. Históricos de observações são compartilhados por todos os povos e com as mais diferentes interpretações. Desde os chineses antigos, que tocavam tambor para espantar o dragão que estava comendo o Sol, até os indígenas brasileiros que atiravam flechas e faziam o maior estardalhaço para espantar a onça celeste (Vixi) que corre atrás dos irmãos Sol e Lua. Para eles, se os irmãos forem pegos, o mundo se acabaria em escuridão total.

 

No próximo dia 15 de abril, teremos um Eclipse Lunar Total. Inicia-se, à 1h53min, a fase penumbral, não sendo perceptível a olho nu e, somente a partir das 2h58min, início da fase umbral, poderemos perceber o fenômeno. (Veja a imagem do esquema de um eclipse lunar total, fora de escala.)

 

Às 4h6min da manhã, dar-se-á a totalidade. Neste momento, toda a Lua terá uma coloração avermelhada. Os puristas poderiam perguntar: Se a Lua encontra-se na sombra da Terra, por que ela não desaparece, uma vez que não tem luz própria?  E eu respondo: A Terra possui atmosfera e esta refrata a luz do Sol. Esta decomposição da luz branca nas diversas cores faz com que a parte azul vá para o espaço e a luz vermelha chegue até a Lua, deixando-a avermelhada, da cor do sangue, como alguns gostam de falar, e até a denominam Lua Sangrenta.

 

A Lua ficará avermelhada por 1h18min e às 5h24min inicia o final da totalidade, voltando a ficar branca às 6h33min, já com dia claro. Para observar o fenômeno, é só olhar em sentido ao oeste, o lado em que o Sol se põe. É importante que a área esteja liberada de montanhas para que não comprometa a observação.

 

A Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro irá transmitir o evento pela Rede Mundial de Computadores. Serão duas câmeras fazendo imagens da Lua e uma terceira câmera com imagens de um astrônomo, que irá responder quaisquer dúvidas e questionamentos sobre o fenômeno ao vivo. Aos interessados, fiquem ligados na nossa página no Facebook, que minutos antes divulgaremos o link para a transmissão para participação do público. Lembramos que é um evento que depende das condições atmosféricas. Portanto, caso o tempo esteja nublado ou chuvoso, a observação do fenômeno fica impossibilitada.

 

Vamos torcer por céu limpo!

 

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Anel em pequenos corpos

 

Figura 1 – Curva de Luz da estrela UCAC4 248-108672 durante a ocultação pelo asteroide Chariklo. (Crédito: ESO)

 

Enormes, com muita massa e um número grande de luas, os planetas gasosos destacam-se também pela presença de anéis ao seu redor. O único conjunto de anéis notado da Terra, por pequenos telescópios, é o do planeta Saturno. No entanto as sondas espaciais que visitam estes planetas nos últimos 30 anos confirmaram a presença desta estrutura em todos eles.

 

A própria Terra já possuiu, logo no início de sua formação, um anel causado pela colisão com um planetesimal (termo usado em astronomia para designar planeta em formação) cujas dimensões assemelhavam-se a de Marte. O material da crosta terrestre ejetado pelo choque ficou vagando em órbita formando um pequeno anel que, posteriormente, uniu-se formando nossa Lua.

 

De acordo com a amostra que tínhamos até agora, apenas corpos com grande massa possuíam anéis. Esta ideia mudou após a observação da ocultação de uma estrela pelo asteroide Chariklo. Este pequeno objeto, de apenas 250km, pertence à classe de asteroides Centauro, cuja característica principal é apresentar órbitas instáveis e deslocarem-se entre os planetas gigantes. Especula-se, devido às suas características muito diferentes dos objetos do cinturão de asteroides, localizado entre os planetas Marte e Júpiter, que os Centauros tenham a sua origem no Cinturão de Kuiper, situado após o planeta Netuno (Saiba mais).

 

Capitaneada pelo brasileiro Felipe Braga-Ribas (Observatório Nacional/MCTI), uma equipe de astrônomos, em sete telescópios diferentes, fizeram a curva de luz da estrela UCAC4 248-108672 durante a ocultação pelo asteroide, ou seja, estudou como a luminosidade da estrela se comportava durante a passagem do asteroide na frente da estrela, o que aconteceu no dia 3 de junho de 2013. O resultado pode ser observado no gráfico abaixo:

Observa-se no gráfico acima duas pequenas quedas na luminosidade da estrela antes e depois do fenômeno principal, que é a ocultação propriamente dita. Note que as quedas no fluxo luminoso da estrela ocorrem no mesmo intervalo e com a mesma intensidade, indicando a presença de objetos diametralmente opostos ao asteroide.

Veja a evolução da curva de luz durante a ocultação clicando aqui.
A cooperação com outros observatórios permitiu que diversas características do anel pudessem ser obtidas, como por exemplo: a espessura, a orientação e a forma deste.
Figura 2 – Contribuição e localização dos diversos observatórios. (Crédito: Nature)

 

Com dois anéis de espessuras de sete e três quilômetros, e um intervalo entre eles de nove quilômetros, o sistema de anéis encontrado pelos pesquisadores é único, até agora, em um corpo de pequenas dimensões. Os anéis foram denominados Oiapoque e Chuí, informalmente, pois quem faz as denominações oficiais é o Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional.

 

 

Como disse Braga-Ribas: “Não estávamos à procura de anéis, nem pensávamos que pequenos corpos como o Chariklo os poderiam ter, por isso esta descoberta – e a quantidade extraordinária de detalhes que obtivemos do sistema – foi para nós uma grande surpresa!”.

 

Figura 3 – Concepção artística do asteroide Chariklo e seu sistema de anéis. (Crédito: ESO)

 

A hipótese formulada para tentar explicar a presença de anéis é semelhante à da formação de nossa Lua: uma colisão com outro objeto lançou fragmentos para o espaço, e estes ficaram aprisionados pela gravidade do objeto.

 

Braga-Ribas sugere a presença de pelo menos uma lua ao redor do asteroide que esteja ordenando a forma do anel, como as luas pastoras que se encontram entre os anéis de Saturno, e que o material do anel, formado possivelmente de rocha e gelo, possa no futuro formar uma ou mais luas.

 

Esta semana está sendo bem movimentada para as pesquisas sobre o sistema Solar. Além da descoberta de anéis ao redor de um asteroide, um novo planeta-não foi incluído em nossa lista de objetos (falaremos sobre ele em outro artigo).

 

Desejamos sucesso para o Felipe Braga-Ribas e toda a sua equipe, esperado ansiosamente por novas descobertas.

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Polarização da Radiação Cósmica de Fundo

 

Hoje, dia 17 de março de 2014, foi anunciada uma das maiores descobertas da Astrofísica: a observação de ondas gravitacionais utilizando a Radiação Cósmica de Fundo. As ondas gravitacionais foram previstas pela Teoria da Relatividade Geral, formulada por Albert Einstein em 1915. Nesta teoria, a gravidade é tratada como o resultado da distorção no espaço-tempo causado pela presença de massa. Ao acelerar-se, a massa provoca uma ondulação no espaço-tempo que se propaga como uma onda sobre uma superfície de um lago.

 

Astrônomos do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics anunciaram a detecção destas ondas. Esta descoberta corrobora a teoria inflacionária para explicar o principal modelo de origem do Universo, o Big Bang. Além disto, o sinal encontrado é muito mais forte que o esperado, fazendo com que uma classe de modelos de inflação seja descartada, direcionando ainda mais as pesquisas para novas teorias físicas.

 

De acordo com Chao-Lin, da Universidade de Stanford, projetista do equipamento de detecção que encontra-se no Polo Sul, foi encontrada uma ondulação na polarização da imagem da Radiação Cósmica de Fundo que só pode ser criada por ondas gravitacionais produzidas pelo processo inflacionário.

 

Este resultado é tão espetacular e de tamanha significância que os pesquisadores ficaram receosos de divulgar para a comunidade científica e passaram o último ano realizando diversos testes para eliminar possíveis erros observacionais e de interpretação, além de enviar os dados para outros pesquisadores analisarem.

 

Esta descoberta é muito importante porque poderá fornecer informações sobre os primeiros momentos do Universo, coisa que outros indicadores e experimentos não conseguem captar pois, durante os primeiros 300 milhões de anos, o Universo era opaco para todos os tipos de radiação eletromagnética.

 

As ondas gravitacionais puderam se propagar na sopa primordial e agora fornecem informações de características imediatamente após o Big Bang, tornando-se provavelmente a única maneira de obter sinais da origem do Universo.

 

 

Para os mais curiosos, vejam o vídeo (em inglês) sobre a descoberta.

 

http://www.space.com/25090-big-bang-gravity-waves-discovered-video.html

 

Novas informações sairão em breve e falaremos mais sobre esta descoberta. Aguardem!

 
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A maior estrela amarela conhecida

 

Telescópios de grande porte são necessários para as pesquisas de ponta. Grandes projetos estão sendo desenvolvidos e esperamos para os próximos anos alguns instrumentos com espelhos do tamanho de campos de futebol. Porém, ainda não os temos, mas existe uma técnica que combina alguns instrumentos para construir um telescópio virtual muitas vezes maior que os instrumentos individuais. A esta técnica é dada o nome de interferometria.

 

No Observatório Europeu do Sul (ESO), localizado no Chile, esta técnica é comumente utilizada e os resultados são excelentes. A última descoberta anunciada por estes instrumentos foi a estimativa do tamanho de uma estrela hiper gigante amarela denominada HR5171.

 

O tamanho encontrado é espantoso, cerca de 1.300 vezes maior que o Sol (para se ter uma ideia, nossa estrela é 109 vezes maior que a Terra). Estas estrelas são raríssimas, apenas são conhecidas 12 estrelas com esta característica. Sua raridade ocorre porque durante a evolução das estrelas com muita massa, dependendo de alguns fatores, a fase de hiper gigante amarela tem um tempo de duração curto com grande ejeção de matéria para o espaço e com grande alteração na temperatura superficial da estrela, modificando a sua cor.

 

Os pesquisadores ficaram intrigados e passaram a analisar os resultados de observações anteriores de diversos observatórios durante mais de 60 anos e concluíram que este objeto é um sistema binário cerrado eclipsante, onde possivelmente existe troca de matéria dos envoltórios estelares.

 

O período orbital do sistema é de 1.300 dias, um pouco mais de três anos e meio, e a presença desta companheira é de grande importância para o estudo da evolução da HR5171, pois espera-se que tenha um desenvolvimento diferente de estrelas hiper gigantes isoladas.

 

Apenas a título de curiosidade, veja a concepção artística do sistema e a comparação com as distâncias médias no Sistema Solar. Incrível!!!