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Dia dos Povos Indígenas

O dia 19 de abril é o Dia dos Povos Indígenas e celebra a resistência dos povos originários do Brasil. De acordo com a Funai, atualmente encontramos em território brasileiro 305 povos indígenas, falantes de 274 línguas, porém, infelizmente, ainda conhecemos e valorizamos muito pouco os seus conhecimentos sobre a natureza, especialmente as suas cosmo percepções.

Crescemos ouvindo falar das constelações do Escorpião, do Centauro, do Cruzeiro do Sul, entre outras. Estas visões celestes chegaram até nós por milenares e tortuosos caminhos, desde os Babilônios, Egípcios e Assírios, passando pelos antigos Gregos e por astrônomos e cartógrafos celestes europeus dos séculos XVI e XVII, até finalmente serem reconhecidas pela União Astronômica Internacional em 1922. O que poucos sabem é que este panteão celeste que herdamos da nossa colonização europeia é apenas uma das múltiplas formas de se olhar e conhecer o céu. Se perguntarmos a um Guarani o que ele vê na região do céu em torno do Cruzeiro do Sul, ele provavelmente nos dirá que vê uma Ema. Se perguntado a um Ticuna, ele poderá lhe falar sobre o Tamanduá e a Onça celestes. De cada povo ouviremos novos nomes de constelações e mitos que narram seus feitos e histórias, que muitas vezes estão refletidos também em seus artefatos e em suas manifestações artísticas, como cantos e pinturas.

Todas as culturas humanas, antigas e atuais, têm o seu próprio céu. Ao longo da história da humanidade, diversos povos perceberam os ciclos e fenômenos celestes e os interpretaram, relacionando-os com suas atividades sociais. Essa busca por conhecimento e entendimento do Cosmos foi utilizada para manter os ciclos de subsistência sazonal, mas em alguns casos também ajudaram a manter ideologias dominantes e hierarquias sociais complexas. Percepções do céu muito diferentes, em natureza, daquela oferecida pela ciência moderna Ocidental são encontradas em muitas culturas indígenas ao redor do mundo.

Do ponto de vista epistemológico, há muita diversidade para ser analisada e compreendida em todo o território brasileiro, apontando-nos um painel étnico e epistemológico muito mais complexo e rico do que se pensaria à primeira vista. Estes conhecimentos, porém, não estão na escola, nem nos livros, pois foram silenciados e invisibilizados pelo racismo epistêmico.

O próprio termo “índio” carrega estereótipos sobre indígenas e é racista, como afirma Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB): “uma data com esse nome não alcança a diversidade dos 305 povos indígenas do Brasil e, ao romantizar a figura do indígena, invisibiliza os povos originários”.

O “Dia do Índio” foi uma data alusiva criada no Brasil por meio de um decreto do presidente Getúlio Vargas, em 1943 (Decreto-Lei 5.540/43). No entanto, os termos “índio” e “tribo”, impostos pelos colonizadores, vêm sendo questionados há anos pelos povos originários. Segundo a APIB, a adoção de 19 de abril como dia para celebrar a cultura dos povos indígenas do Brasil foi resultado de debates realizados no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano em 1940, no México.

De acordo com a Agência Câmara de Notícias, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou no ano passado o projeto de lei que muda o nome do “Dia do Índio”, celebrado em 19 de abril, para “Dia dos Povos Indígenas”. A proposta é de autoria da deputada Joenia Wapichana. Segundo ela, a intenção ao renomear a data é ressaltar, de forma simbólica, não o valor do indivíduo estigmatizado “índio” mas o valor dos povos indígenas para a sociedade brasileira.

Quantas belíssimas histórias e saberes os povos originários têm para nos ensinar! Precisamos ouvir, mais do nunca, sua sabedoria ancestral e aprender com eles novas formas de estar no mundo, em harmonia e respeitando todos os seres vivos. Como diz Ailton Krenak, a vida tem que ser uma fruição, uma dança cósmica!

Para saber mais:

Imagem capa: Stellarium

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Dê Nome a um Planeta

Você já pensou em nomear uma estrela e seu respectivo planeta? A União Astronômica Internacional (IAU) anunciou hoje um concurso internacional para nomear exoplanetas, ou seja, planetas que orbitam outras estrelas fora do nosso Sistema Solar. O Brasil será o responsável por batizar o planeta que orbita a estrela HD 23079, assim como a própria estrela. Todos os brasileiros podem participar do concurso, sugerindo nomes que serão submetidos a votação popular. Segundo as regras, os pares de nomes devem estar ligados à cultura indígena no território nacional, à cultura afrobrasileira ou à literatura brasileira, de forma a garantir que o resultado final represente aspectos da cultura.

Veja aqui como participar do concurso: https://nocbrasil2018.wixsite.com/nomeieexomundos

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Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

O dia 11 de fevereiro é o Dia Internacional das mulheres e meninas na Ciência,   instituído em 2015 pela UNESCO e pela ONU-Mulheres para promover o acesso igualitário e participação na Ciência para meninas e mulheres. O tema deste ano é “Investimento em Mulheres e Meninas na Ciência para um Crescimento “Verde” inclusivo.” A sub-representação das meninas na educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática tem raízes profundas e coloca um freio prejudicial no avanço rumo ao desenvolvimento sustentável. Para estas áreas do conhecimento, muitas vezes se utiliza a sigla em inglês STEM (science, technology, engineering and mathematics).

Apenas 20 mulheres receberam o Prêmio Nobel em fisica, química ou medicina desde Marie Curie, em 1903, em comparação a 587 homens. Hoje, menos de 30% dos pesquisadores de todo o mundo são mulheres. Essas enormes disparidades, essa profunda desigualdade, não acontecem por acaso. Segundo o relatório “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)”, publicado pela UNESCO no ano passado, muitas meninas são impedidas de se desenvolver por conta da discriminação, pelos diversos vieses e por normas e expectativas sociais que influenciam a qualidade da educação que elas recebem, bem como os assuntos que elas estudam.

A Astronauta da NASA Anne McClain, atualmente em missão na Estação Espacial Internacional, com seu filho de quatro anos em sessão de fotos oficial.

 

Em uma união de esforços com a UNESCO, a União Astronômica Internacional   promoverá diversas ações em vários países ao longo do ano, dentro do projeto “Mulheres e  Meninas na Astronomia”, como parte das atividades que serão promovidas para a comemoração do “IAU100 – Under One Sky” (Centésimo aniversário da União Astronômica Internacional).

De acordo com os dados mais recentes disponíveis pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), em termos de representatividade, a SAB é uma das sociedades científicas brasileiras com a melhor divisão por gênero, apesar de ainda estarmos longe do ideal. Na categoria de sócios aspirantes, as mulheres representam 37% dos associados. Como é frequentemente observado, a porcentagem cai em níveis mais altos e na categoria de sócios efetivos, as mulheres representam 29% dos associados. A SAB tem trabalhado constantemente para que esses números se tornem cada vez mais equilibrados.

A Fundação Planetário, dentro de sua missão de contribuir para a educação não-formal e divulgação da astronomia no Brasil, promove regularmente atividades gratuitas e abertas ao público, que podem inspirar as meninas a se encantarem pelo céu. Todas as quartas-feiras e sábados, ao anoitecer, nossos telescópios estão apontados para os mais belos astros visíveis, esperando olhinhos curiosos. Traga sua menina para observar o céu com a gente! O sorriso no rosto ao final é garantia do Planetário!

OBS.: A atividade de observação do céu depende das condições meteorológicas. Em caso de céu nublado, a observação é cancelada.

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A Astronomia Babilônica

A Arqueoastronomia e a Etnoastronomia, hoje referidas conjuntamente como “Astronomia Cultural”, é o estudo das percepções e o entendimento dos fenômenos astronômicos pela humanidade, através da história humana e entre as diversas culturas. Nesta última semana, um estudo do arqueoastrônomo Mathieu Ossendrijver, publicado na revista Science, revelou que a Astronomia Babilônica é ainda mais interessante do que pensávamos: eles não utilizavam apenas métodos aritméticos para registrar e calcular os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas no céu, mas também desenvolveram métodos geométricos!

Ossendrijver, que trabalha na Universidade Humboldt, em Berlim, visitou o British Museum durante os últimos 14 anos, uma semana por ano, reexaminando a coleção de tábuas de barro Babilônicas com escrita cuneiforme, datando de 350 a 50 AEC. Duas destas tábuas, que continham cálculos astronômicos, também traziam instruções para construir uma figura trapezoidal que não parecia relacionada a algo astronômico.

Em outras duas tábuas, estudadas entre 2002 e 2008, que também traziam o procedimento trapezoidal, tinham referências a Júpiter, que era associado a Marduk, a deidade patrona da cidade da Babilônia. Ao final de 2014, o Assiriologista Hermann Hunger entregou a Ossendrijver fotos de uma tábua tiradas há décadas atrás, que não havia ainda sido publicada, que trazia números idênticos aos das tábuas que ele já havia examinado anteriormente. Comparando fotos dos fragmentos de outras tábuas, ele descobriu que descreviam o movimento de Júpiter.

Ossendrijver percebeu que os cálculos trapezóides eram uma ferramenta para calcular o deslocamento de Júpiter ao longo da eclíptica (o caminho que o Sol parece percorrer através do céu entre as estrelas). Os cálculos cobrem um período de 60 dias, começando no dia da primeira aparição de Júpiter antes do nascer do Sol. Neste período, o movimento aparente de Júpiter no céu vai ficando mais lento, e o gráfico da velocidade aparente contra o tempo vai descendo, formando um trapezóide. A área do trapezóide, por sua vez, dá a distância que Júpiter se moveu ao longo da eclíptica neste período de 60 dias. Calcular a área abaixo de uma curva para determinar um valor numérico era, até então, uma técnica que se acreditava só ter surgido na Europa no século XIV. Que a Arqueoastronomia continue nos surpreendendo com notícias como esta!

Figura: Tábua babilônica.
Créditos: Mathieu Ossendrijver/Science

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Feliz Ciclo Novo!

Todo início de ano desejamos aos nossos familiares e amigos um bom Ano Novo. Em nossa cultura, que utiliza o calendário Gregoriano, o dia 1° de janeiro dá início ao ano, baseado no ciclo solar. A História do nosso calendário é um capítulo muito interessante da História das Ciências, assim como a natureza e o propósito dos calendários de outros povos, que revela um esforço sistemático de observações da natureza e do céu e, em alguns casos, registros e cálculos matemáticos de várias gerações desde a antiguidade.

Os calendários são geralmente, mas não exclusivamente, baseados em ciclos astronômicos, como o ciclo de fases da Lua, o ciclo sazonal de aparecimento e desaparecimento de estrelas ou asterismos, e o movimento sazonal da posição onde o Sol nasce e se põe ao longo do horizonte. Servem para sincronizar eventos, organizar eventos cronologicamente e determinar intervalos de tempo entre eventos. A grande diversidade cultural, aliada ao fato de que os ciclos astronônomicos não se encaixam perfeitamente uns com os outros, resultou no surgimento dos mais variados tipos de calendários, desenvolvidos para dar conta das necessidades sociais de cada povo.

 

Créditos: Ciclostiquie

Créditos: Ciclostiquie

Costuma-se encontrar em livros sobre calendários que o céu providenciou uma base confiável para marcar a passagem do tempo de muitos povos no passado, se estendendo até o Paleolítico, o que é razoável em nossa perspectiva ocidental moderna. Porém, do ponto de vista do contexto indígena, entender o mundo envolve tecer correlações entre as mudanças em várias partes do meio ambiente, que é percebido como um todo, utilizando os eventos observados para prever ou realizar outros que trarão um determinado benefício, como uma colheita bem sucedida ou vitória em uma guerra. Desta forma, para as diversas culturas indígenas, os ciclos do céu não são vistos como indicadores temporais mais confiáveis do que outros eventos que ocorrem com razoável regularidade, exceto naquelas culturas em que as obervações do céu foram sistematicamente registradas e matematicamente analisadas. Além do mais, o céu não é visto geralmente como passível e imutável, mas cheio de entidades que podem influenciar eventos e também serem afetadas pelas ações humanas.

Em resumo, é inquestionável que o céu, especialmente o céu noturno, é uma parte muito importante do ambiente percebido por quase todas as culturas, e as correlações entre as mudanças entre as configurações celestes e os eventos recorrentes na natureza são percebidas. São essas correlações, como percebidas por cada cultura, que formam a base do que devemos reconhecer como um calendário.
Um importante trabalho sobre os ciclos anuais dos povos indígenas do Rio Tiquié, no noroeste amazônico, lançado recentemente pelo Instituto Socioambiental, pode nos ajudar a entender melhor essas correlações. Para estes povos, o ano divide-se em várias estações, identificadas a partir da passagem de constelações astronômicas associadas a diversos processos ecossistêmicos e climáticos. O ano começa com a Enchente de Jararaca, no começo de novembro. Essa região é caracterizada por muita chuva distribuída por todo o ano, com alguns curtos períodos de estiagem. O calendário interativo pode ser acessado em: http://ciclostiquie.socioambiental.org/pt/index.html

Seja em janeiro, novembro ou qualquer outra época em que comece um novo ciclo para os diversos povos que habitam este planeta, que seja um novo ciclo de paz, solidariedade e respeito entre as diferentes culturas. Feliz ciclo novo!

 

Créditos da Foto: Bruna Caldas

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Aberta a temporada de caça aos meteoritos no Brasil!

 

Estamos em plena Semana da Divulgação da Meteorítica no Brasil. Você sabia? O evento, que se estende até o dia 10 de outubro, tem por objetivo divulgar informações sobre meteoritos, sua importância e valor científico. O site oficial [http://meteoritosbrasil.weebly.com/] traz conteúdos sobre meteoritos, sua classificação, composição mineralógica, além da história dos principais meteoritos encontrados no Brasil.

 

O site lança também a campanha “Caçadores de Meteoritos”, pois apesar de o Brasil possuir um vasto território, até hoje só foram encontrados e registrados oficialmente 62 meteoritos. Esse é um número muito baixo, comparado aos do Chile e da Argentina, que, mesmo sendo países menores, têm mais meteoritos registrados oficialmente do que o nosso país. Os EUA, com território semelhante ao nosso, tem mais de 1.000 exemplares registrados junto ao Meteoritical Bulletin. Isso se deve principalmente ao fato da pouca divulgação e da falta de uma legislação sobre essa área no Brasil.

 

O trabalho da população é muito importante para encontrar os meteoritos, e para isso a campanha está apoiando a criação de grupos locais de caça a meteoritos e eventos de busca de meteoritos. A equipe do site também disponibiliza um passo-a-passo de como identificar um meteorito e material de apoio para os grupos formados. Que tal então juntar os amigos para um programa divertido neste fim de semana: caçar meteoritos!

 

 

 

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E o frenesi do Fim do Mundo continua (parte 2)

Como vimos no texto anterior sobre a Pedra do Sol Mexica, em torno da figura central, vemos quatro retângulos que representam a destruição do mundo em cada uma das quatro eras de criação (cada época durando 13 baktuns) por que passaram os povos antigos.

A época mais remota (acima à direita) se chama “Sol do Jaguar”, pois esta era terminou no dia 4 Ix (Jaguar) do Tzolkin (calendário religioso de 260 dias). Os gigantes que habitavam a Terra, resultado da primeira tentativa de criação feita pelos deuses, foram atacados e devorados por jaguares. Acima à esquerda, o “Sol do Vento” dizimou outra raça humana imperfeita com seus furacões, pondo fim à segunda era. Abaixo à esquerda, temos o “Sol da Chuva de Fogo”, simbolizando a lava e o fogo de uma erupção vulcânica que destruiu a terceira época cosmogônica. Alguns homens foram transformados em pássaros e escaparam da catástrofe. As chuvas torrenciais e inundações representadas pelo “Sol da Água” deram fim à quarta época (abaixo à esquerda). A transformação dos homens em peixes os salvou da destruição.

A época atual seria a quinta era de criação, representada pela figura no centro do disco identificada como Tonatiuh, o Sol atual, e simbolizada pela sua data de criação 4 Naui-Ollin (Movimento). Em todas as eras, o universo é destruído e recriado renovado.

Aqui vemos uma semelhança entre os símbolos e idéias do Antigo e Novo Mundo. Cada um dos agentes destrutivos é concebido por uma força representada por um elemento. O Jaguar é um monstro terreno, enquanto o vento, água e fogo são outras entidades na história. Terra, Ar, Fogo e Água são os quatro elementos básicos concebidos pelos filósofos gregos, mas no caso Mexica não representam construções estáticas e permanentes, mas sim forças violentas da natureza que podiam se manifestar a qualquer momento, assim como fazem hoje em dia na região central do México.

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O frenesi do Fim do Mundo continua

 

 

 

Segundo uma matéria publicada no dia 2/5/2012 no Estadão, um estudo revelou que quase 15% da população mundial acredita que o fim do mundo ocorrerá durante sua vida, e 10% dos entrevistados acham que o calendário maia pode indicar que vai acontecer em 2012.

 

Já falamos algumas vezes aqui no blog do Planetário sobre o calendário maia e o fim do mundo (veja as curiosidades do mês de janeiro e fevereiro), mas, pelo visto, a celeuma vai durar até o dia 21 de dezembro, data do suposto fim do mundo. Vamos aproveitar então para aprofundar um pouco mais o conhecimento sobre os calendários maias.

 

Os maias não foram os únicos a criar longos ciclos de tempo que transcendem o ciclo anual das estações. Nós mesmos computamos décadas, séculos e milênios, e pudemos acompanhar o mais recente rebuliço causado pela virada do milênio, quando também vimos a polêmica do fim do mundo reacender. Temos também as eras, ciclos ainda mais longos. O nascimento de Cristo, por exemplo, deu origem à Era Cristã, no nosso calendário, que perdura até hoje e cujo fim chegará com a segunda vinda de Cristo ao mundo, segundo a crença cristã.

 

A Pedra do Sol Mexica tem uma enorme importância simbólica, representando um cosmograma, ou seja, descreve o Universo e sua ordem cósmica. Os mexicas ou astecas tinham seus próprios nomes e símbolos para os dias, mas as unidades e a mecânica do calendário são essencialmente as mesmas do calendário maia.

 

 

No centro do disco se encontra uma figura que tem sido identificada como o Sol atual, o quinto numa linha de sucessão de “Sóis”. Cada um destes “Sóis” teria governado uma era que sucumbiu a um cataclisma – furacões, chuvas de fogo, inundações –, sendo substituída por uma nova era. Estas quatro eras, pelas quais o povo mexica teria passado, estão representadas nos quatro retângulos que circundam a figura central. A era atual terminaria em 2012, segundo a mitologia Mexica.

 

Seriam estas narrativas descrições de eventos reais ou metáforas? Seriam presságios do real fim do mundo? Especialistas familiarizados com a filosofia maia acham que estas profecias não devem ser interpretadas literalmente.

 

E o assunto continua…

 

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A Astronomia Cultural e os Sistemas de Conhecimento Indígenas

O crescente interesse internacional pela importância da contribuição do conhecimento tradicional indígena levou a United Nations Education, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) a proclamar uma linha de ação na “Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural” de 2001:

 

Respeitar e proteger os sistemas de conhecimento tradicionais, especialmente os das populações indígenas; reconhecer a contribuição dos conhecimentos tradicionais para a proteção ambiental e a gestão dos recursos naturais e favorecer as sinergias entre a ciência moderna e os conhecimentos locais (UNESCO, 2001).

 

A partir desta declaração, muitas iniciativas tiveram início no sentido de proteger e resgatar os Sistemas de Conhecimento Indígenas, especialmente no que se refere à diversidade de maneiras como as etnias indígenas percebem os objetos celestes e os integram com sua visão de mundo.

Em 2002, a UNESCO deu início ao projeto Local and Indigenous Knowledge Systems (LINKS), que vem lançando uma série de publicações sobre o tema. Em 2005, o World Heritage Committee da UNESCO aprovou uma iniciativa temática para “identificar, salvaguardar e promover propriedades culturais conectadas com a Astronomia”, chamada Astronomy and World Heritage Iniciative. Em outubro de 2008, a União Astronômica Internacional, em cooperação com a UNESCO, criou o grupo de trabalho Astronomy and World Heritage, que publicou um importante livro temático (o sumário está disponível online aqui), descrevendo sítios arqueológicos de importância astronômica no mundo todo.

O patrimônio astronômico é definido como a evidência relacionada à prática e aos usos sociais e representações da Astronomia. Ela existe sob a forma de monumentos e sítios tangíveis, com uma relação com o céu, mas também pode envolver objetos móveis como instrumentos e arquivos. Há também o patrimônio intangível, que inclui o conhecimento indígena sobre o céu, o que interessa particularmente no caso das etnias indígenas do Brasil.

A enorme importância da observação do céu para os grupos indígenas brasileiros é uma característica que foi percebida por muitos missionários, naturalistas e etnólogos que aqui circularam, e o registro destas informações tem sido importante para uma melhor compreensão dos saberes sobre a natureza desses povos. Estas crônicas – as mais antigas remontam ao século XVI – têm se revelado fonte de valor inestimável para conhecermos um pouco melhor a Astronomia em culturas que, por vezes, nem existem mais.

De acordo com a página do Instituto Sócio Ambiental, estima-se que, na época da chegada dos europeus, houvesse mais de mil povos indígenas no território que compreende hoje o Brasil, somando entre 2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente, encontramos no território brasileiro 238 povos, que falam mais de 180 línguas diferentes. Infelizmente, contamos hoje nos dedos da mãos as etnias cujo patrimônio cultural astronômico tem sido reconhecido, documentado e divulgado, embora cada uma das mais de duzentas etnias tenha um rico conhecimento sobre o céu.

No dia de hoje, registramos a nossa homenagem a todas os povos indígenas brasileiros que, apesar de viverem sob uma opressão de mais de cinco séculos, lutam pela preservação de seu belo patrimônio cultural.

Para saber mais:

Heritage Sites of Astronomy and Archaeoastronomy in the context of UNESCO World Heritage Convention – A Thematic Study. Ruggles, Clive and Cotte, Michel (eds.). Paris: ICOMOS and IAU. June, 2010.

UNESCO. Astronomy and World Heritage. World Heritage Review n° 54. Paris: UNESCO, October 1, 2009.

UNESCO Universal Declaration on Cultural Diversity. Adopted by the 31st Session of the General Conference of UNESCO. Paris, 2 november 2001.

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A Descoberta de Urano

 

Friedrich Wilhelm Herschel (1738-1822) cresceu em Hanover, e foi para a Inglaterra como um refugiado em 1757, após a Guerra dos Sete Anos, onde ficou conhecido como William Herschel. Na Inglaterra, ganhava a vida como organista e professor de música, até ser contratado como organista principal em uma popular capela em Bath, o que lhe rendeu segurança financeira e a oportunidade de ampliar seus interesses, especialmente como astrônomo amador autodidata.

Começou construindo telescópios refletores grandes o bastante para observar objetos celestes distantes e débeis, como parte de seu projeto de estudar o Universo em grande escala. No dia 13 de março de 1781, observando estrelas na constelação de Gêmeos, viu um objeto cuja natureza chamou sua atenção, e descreveu o curioso astro como uma estrela nebulosa, ou talvez um cometa.

Se o objeto pertencesse ao Sistema Solar, estaria se movendo em relação ao fundo de estrelas fixas. Observou então o objeto quatro dias depois, e constatou o movimento deste. A notícia chegou aos ouvidos de alguns astrônomos profissionais, que observaram o objeto e concluíram que se tratava de um novo planeta, o primeiro descoberto desde a antiguidade. Após muitas discussões a respeito do nome que deveria ser dado ao novo planeta, optou-se por Urano.

A descoberta de Urano deu a Herschel a oportunidade de persuadir o rei a lhe dar uma pensão vitalícia, de forma que ele pudesse se dedicar integralmente à astronomia pelo resto de sua vida.

Graças ao organista e então astrônomo amador Herschel, hoje comemoramos o aniversário da descoberta de Urano.